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segunda-feira, 22 de agosto de 2011
Carla foi minha “Princesa Isabel”. Trouxe minha liberdade de volta - diz Victor Aquino
O arquiteto Victor Aquino, que acaba de deixar a secretaria de Planejamento de São João da Barra, confirma seu estilo e a fama de bom sujeito saindo do cargo sem mágoas e com muitas amizades construídas com o mesmo carinho com que preparou belos projetos para o futuro daquele município. Em entrevista à Somos, Victor diz que está saindo da prefeitura, mas que não está saindo de São João da Barra, e não poupa elogios à prefeita Carla Machado, segundo ele, “sou muito grato a Carla, fora o fato da amizade dela: é que ela me trouxe de volta à minha cidade”. Confira abaixo a sua entrevista à Somos dessa semana:
“Não quero nunca ser prefeito. Não é de São João da Barra, não — de lugar algum! A política me mostrou, assim, um lado sujo, um lado ruim, um lado feio. Não era só essa coisa boa do arquiteto planejar uma cidade. Tinha essa coisa política, essa safadeza política ao redor, essa coisa ruim de oposição radical, de denegrir a sua imagem e a sua família”
Somos: O que marcou mais com o Planejamento para receber essa explosão de progresso?
Victor: Na realidade, a minha vinda pra cá foi um desafio. Em primeiro lugar, porque eu nunca trabalhei pra ninguém. Eu tive que tirar Carteira de
Trabalho pra ser secretário de Carla Machado. E veio este desafio de preparar uma cidade. Carla estava aberta a novos projetos, então eu disse a ela que o governante não pode governar pro seu mandato ou para o próximo mandato. O governante moderno tem que pensar pros próximos vinte, trinta anos. Carla ficou imbuída destas ideias, me deu carta branca. Obviamente, tudo passa por ela, pelo crivo dela, nada eu fiz sem ordens. Mas ela me deu essa liberdade de criar. E como São João da Barra, praticamente, não tinha nada, era uma cidade que, como ela mesmo fala, era “fim de linha”, e agora é uma “janela para o mundo” — é uma expressão que eu gosto muito de usar, e que ela agora também está usando. São João da Barra precisava de tudo. Então nós começamos com os projetos básicos que uma cidade precisa: escola, creche, posto de saúde. E aí fizemos escola-padrão, creche-padrão, posto de saúde-padrão, projetamos o hospital tão falado que não está na hora de zoneamento, parcelamento do solo, pois isto estava tudo defasado, desde 1991, feito por Dodozinho.
Somos: E a “Cidade X”?
Victor: Na realidade, é o “Bairro X”. Uma preocupação de Carla sempre foi interligar todo o município, como o 5º Distrito ao Bairro X. O povo apelidou de “Cidade X”, parecendo que era uma cidade independente, já que é um bairro, com a previsão de duzentas mil a duzentas e cinqüenta mil pessoas. Então, Carla sempre teve essa preocupação de ele estar interligado com o resto do município. E o Jaime Lerner está fazendo um projeto interligando com vias, com Grussaí, que vão até Atafona, que vão até a sede do município, para que este seja mais um bairro. A gente vai ter: sede, Atafona, Grussaí, e o “Bairro X”, que não tem nome ainda. Vai ter outro nome, Carla talvez pense em fazer um plebiscito, a população, tipo: “que nome daria a este bairro?”
Somos: Então, é mais “correto” chamar de “Bairro X”?
Victor: É, falam “Cidade X” porque, pelo tamanho, a população apelidou. Mas é uma coisa até perigosa, porque parece que é uma cidade dentro de outra cidade. Algumas pessoas perguntam se vai ter um prefeito independente. Não existe nada disso.
Somos: Você fez uma declaração muito bonita, dizendo que estava saindo da prefeitura, mas não estava saindo de São João da Barra.
Victor: Isto. Depois desses quatro anos, eu me encontro muito tranquilo, porque a cidade está toda planejada, os projetos estão todos feitos, minha missão está cumprida… Só que, depois desse tempo de dedicação, chegou a hora de colocar em dia a minha vida profissional, como arquiteto.
Somos: E a sua atuação profissional, a partir de agora, lá no município?
Victor: As pessoas acham que pra servir uma cidade precisa ser prefeito, vereador, deputado. Eu acho que um profissional liberal pode, também, ajudar essa cidade. Mas eu não tenho essa veia política. Eu nunca tive essa veia política. E as pessoas confundem: “ah, você é uma pessoa atenciosa, você é uma pessoa carinhosa, você fala com todo mundo…”. As pessoas de Campos e São João da Barra acostumaram com a ideia de que aquele que é atencioso, que trata bem todo mundo, é porque quer um voto. E eu trato bem todo mundo porque eu sou assim. Eu não faço em troca de voto. Eu não quero me mudar de Atafona, eu quero continuar morando em Atafona. Vou continuar a dar aula no IseCensa, onde sou professor de Projeto de Arquitetura. Estou montando um escritório em Campos, que é o “Estúdio Mais Dois”, de sociedade com Eduardo Barros, pra focar em arquitetura, que é o nosso foco. Os projetos estão aparecendo, o escritório está crescendo. Por isso, no final do ano passado, eu procurei Carla e solicitei a minha retirada.
Somos: E a amizade com Carla…
Victor: Eu tenho uma amizade muito grande com ela. É engraçado porque as pessoas acham que para você sair de algum lugar, você tem que brigar, você tem que zangar. As pessoas vieram perguntar por que a gente havia brigado. A prova de que eu não briguei, é que eu fui exonerado na terça-feira, com data de segunda, hoje é quinta-feira e eu estou trabalhando normalmente. Porque eu tratei com ela que eu continuaria a servir São João da Barra, independente de salários, independente de ganhos, porque eu quero servir à cidade de São João da Barra. Eu acho que eu pude, durante quatro anos, me dar a São João da Barra. Onde eu pretendo elaborar uma série de projetos. Agora eu tenho essa liberdade de poder trabalhar, de poder realizar. Eu vou tentar intercalar: eu pretendo montar uma sala, um mini-escritório lá em São João da Barra, eu e Eduardo estamos montando um escritório na Avenida Pelinca. Então, agora, eu estou voltando ao normal. Carla foi minha “Princesa Isabel”. Trouxe minha liberdade de volta. Ela me possibilitou retornar, voltar às origens, com o convite que ela me fez. Isto, eu vou ser grato a ela pelo resto da minha vida…
Somos: E quem será o novo secretário de Planejamento?
Victor: Chegou-se a falar em Roberto da Fonseca. Mas eu estive com ele, e ele falou que não seria. Eu não sei, realmente.
Somos: O que você acha desse vento de progresso que está vindo aí?
Victor: Eu acho que São João da Barra vai ter muito mais benesses do que malefícios.
Somos: Como você viu essa oposição radical atravancando o processo?
Victor: Esse foi um dos motivos para eu me afastar, literalmente, da política. Eu nunca tive vocação política. Mas o que eu presenciei no ano passado, do final do ano para cá, só serviu para ter horror à política. Retalharam o orçamento, fizeram política barata, pequena e engessaram a prefeita — a deixaram com cinco por cento para manusear o Orçamento. E cinco por cento é muito pouco. Na época do governo anterior, chegou a ser de quarenta por cento. Carla, quando assumiu, era vinte e cinco por cento de remanejamento de uma verba de uma secretaria para outra. E, no final, deixaram Carla engessada e com cinco por cento de manejo. Essa oposição radical é o que eu acho que fez o Alexandre (Rosa) abrir os olhos e, ele que é uma pessoa querida na sede do município, refletir sobre a besteira que havia feito ao mudar de lado. Porque, ao voltar para as origens dele, eu acho que ele resgatou o seu passado com a população. Então, essa oposição irresponsável me fez refletir, mais ainda: odeio política. Não quero nunca ser prefeito. Não é de São João da Barra, não — de lugar algum! A política me mostrou, assim, um lado sujo, um lado ruim, um lado feio. Não era só essa coisa boa do arquiteto planejar uma cidade. Tinha essa coisa política, essa safadeza política ao redor, essa coisa ruim de oposição radical, de denegrir a sua imagem e a sua família, e trazer problemas que, realmente, só serviram para provar que eu estava certo quando não aceitei a vir como candidato a prefeito, e não me arrependo disso.
Somos: Vitinho paz e amor…
Victor: Vitinho paz e amor… Mas foi uma sacanagem o que eles fizeram (os vereadores). Tudo o que Victor falava, ouvia: “Ah, você é secretário da prefeita!”. Ou seja, não tinha credibilidade. Porque, para a oposição, eu estava sendo um pau-mandado da prefeita. Agora, que eu estou fora do “processo”, posso falar…
Somos: Credibilidade você tinha, eles não reconheciam por motivos políticos…
Victor: Isto. Por motivos políticos. Então, quando a Júlia (Maria, jornalista) fala no blog dela que a Oposição tem que reconhecer, é a pura verdade. Eu tenho uma amizade com o Betinho, de infância, meu amigo de infância, e ele sabe disso. Nem por causa disso eu me aproximei de Betinho politicamente, nunca traí Carla.
Somos: Você disse que o que os vereadores fizeram foi uma safadeza. E se uma pessoa com esse tipo de visão assume a prefeitura?
Victor: Veja bem, aí vem o voto popular. Victor Aquino só tem um voto, e ele vai saber a quem dar o voto dele. Cabe à população ter discernimento. Ver quem esteve ao lado ou não de São João da Barra, e saber fazer seu voto valer — não pelo valor financeiro, mas pelo valor real de bem-querer da cidade de São João da Barra. É preciso que a população fique atenta, para não jogar o voto fora.
Fonte: Blog do Esdras
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